sexta-feira, 7 de março de 2014

Excesso

Um trânsito do caos na linha amarela. Minha mãe, um tanto impaciente no banco do motorista, comenta "como tem gente nesse mundo!", se referindo a absurda quantidade de carros, obviamente. Eu, entediada com a mesmice da paisagem que não andava, comecei a refletir sobre a fala dela, mesmo dita da boca pra fora. 

Tanta gente nesse mundo, tanta gente nascendo, morrendo, sobrevivendo, lutando, vagabundiando, trabalhando. Tanta gente e sabemos de cor, contamos no limite dos dedos os indivíduos que nos importam. População gigante e vezenquando basta falar com apenas um ser para sentir o dia vibrante. Não é preciso muito para ser feliz. O que não nos completa é apenas plano de fundo, o resto é figurante. 

Lembro que tem gente que chega ao ponto de matar por dinheiro. Polícos, não satisfeitos com o considerável salário, metem a mão no dinheiro destinado aos nossos direitos. Talvez seja inocência de minha parte indagar isso, consequência da minha pouca idade e experiência de vida, mas como seria se as pessoas soubessem o que é realmente essencial pra vida e felicidade delas? Continuariam se individando, comprando mais que o necessário? Nos casos extremos, continuaria havendo brigas familiares e morte por ganância? Será que existiria a tamanha injustiça e desigualdade que nos rodeia, com muitas crianças não tendo a oportunidade de estudar, por terem sido geradas acidentalmente, porque os pais não tiveram orientação, culpa do precário contato com a educação, que é algo que o governo pouco investe na estrutura e qualidade? Ressalto que isso é apenas UM dos muitos casos de ciclos que colaboram para a criminalidade. Pode ser que se aprendêssemos a tirar leite da pedra, mataríamos a fome de ver um mundo mais justo, e individualmente, mais feliz.

Gabriela Martelo

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